Veneno sintético de escorpião é usado contra tumor
Gliomas estão entre os casos mais graves de tumor cerebral
Pesquisadores desenvolveram uma espécie de veneno de escorpião sintético para ser usado no combate a tumores no cérebro.
O veneno é um portador de material radioativo que atua em células que continuam no corpo depois de cirurgias de remoção de tumores.
De acordo com artigo publicado na revista científica norte-americana Journal of Clinical Oncology, a técnica foi testada em 18 pacientes e outros casos ainda serão estudados.
Resultados preliminares indicam que o tratamento é bem tolerado e pode ser eficiente no combate a tumores.
O tratamento é sugerido para casos de glioma, uma forma grave de tumor cerebral. Pacientes com glioma têm apenas 8% de chances de sobreviver nos dois anos após o diagnóstico. Em cinco anos, a probabilidade é de 5%.
Sobrevivência
Apesar dos avanços nas técnicas de cirurgia, radioterapia e quimioterapia, houve poucas vitórias da ciência no campo dos gliomas.
Cientistas do Cedars-Sinai Medical Center, na Califórnia (Estados Unidos), fizeram suas pesquisas usando TM-601, uma versão sintética de um peptídio que é encontrado no escorpião gigante amarelo israelense.
O peptídio tem a capacidade singular de ir da corrente sangüínea diretamente para o cérebro, e consegue afetar células de glioma.
Todos os pacientes submetidos aos testes haviam passado anteriormente por cirurgias de remoção de tumor.
A dose de TM-601 foi administrada entre 14 e 28 dias depois de cada operação através de injeção. Seis pacientes receberam doses extras da droga.
Um dos principais objetivos do estudo era avaliar a tolerância das pessoas às doses. A pesquisa registrou poucos efeitos colaterais.
A média de tempo de sobrevivência dos casos analisados foi de 27 semanas, mas dois pacientes resistiram por 33 e 35 meses após as cirurgias.
Análises de laboratório mostraram que a maior parte da radioatividade transmitida pela droga desapareceu depois de 24 horas.
O pouco de radiação que sobrou ficou localizada na cavidade do tumor, o que sugere que a droga reagiu com células do tumor, e não com as células normais do cérebro.
"Nós estamos usando o TM-601 principalmente como uma substância para conduzir o material radioativo para as células de glioma, mas dados sugerem que ele também pode diminuir o ritmo de crescimento de células de tumores", afirmou neurocirurgião do Cedars-Sinai Medical Center, Adam Mamelak, um dos autores do estudo.
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