22 de out. de 2007

ABUSO SEXUAL NAS ESCOLAS -- EUA



Troy Mansfield

O professor cumpriu 31 anos de prisão na Pensilvânia por abusar de uma menina de 12 anos, que foi sua aluna. O relacionamento de Mansfield e Heather Kline foi descoberto pela mãe da adolescente. Na sua condenação em 2004, a acusação usou emails e mensagens instantâneas com declarações de amor e referências a relações sexuais entre os dois. Ele está cumprindo sentença de 31 anos

ESSE É APENAS UM DELES..UMA INFINIDADE DE ANORMAIS...



EUA.ESTUPROS NAS ESCOLAS

Escolas tiveram 2,5 mil casos de abusos em 5 anos

O jovem professor baixou a cabeça, desviando os olhos. Sim, ele havia tocado os seios de uma aluna de quinta série no recreio. "Acho que foi simplesmente luxúria carnal", foi o que disse ao seu chefe. Isso levou o americano Gary Lindsey a ser demitido de seu primeiro emprego como professor, em Oelwein, Iowa. Mas não encerrou sua carreira. Ele lecionou por décadas no Illinois e Iowa, escapando de pelo menos mais meia dúzia de acusações de abuso.


Quando finalmente sua licença de ensino foi revogada, em 2004, 40 anos depois que aquela primeira menina apresentou uma queixa, não foi um diretor de escola ou agência oficial que o puniu, mas a persistência de uma vítima e de seus pais. O caso de Lindsey é apenas um pequeno exemplo de um problema generalizado nas escolas dos Estados Unidos: delitos de conduta sexual praticados pelos professores que deveriam estar educando as crianças do país.

Os alunos de escolas norte-americanas são apalpados. Estuprados. Perseguidos, seduzidos e são convencidos de que estão apaixonados. Uma investigação da Associated Press identificou mais de 2,5 mil casos em cinco anos nos quais educadores foram punidos por ações que variam de bizarras a sádicas.

Há mais de três milhões de professores nas escolas públicas do país, a maioria dos quais dedicados ao seu trabalho. Mas o número de educadores abusivos identificados aponta para um problema muito maior, em um sistema viciado contra as vítimas.

A maioria dos casos de abuso não é denunciada. E as denúncias que ocorrem muitas vezes não resultam em ação. Ocasionalmente, os casos investigados não podem ser provados, e muitos dos criminosos fazem diversas vítimas. E ninguém, nem as escolas, nem os tribunais, nem os governos estaduais e federal, descobriu uma maneira segura de manter os professores culpados de assédio longe das salas de aula.

Essas são as conclusões de uma investigação na qual repórteres vasculharam os históricos disciplinares dos 50 Estados norte-americanos e da capital. O resultado é um panorama nacional sem precedentes sobre os crimes sexuais dos educadores - exemplos gritantes de violação da confiança neles depositada.

A investigação durou sete meses e identificou 2,57 mil educadores cujas licenças de ensino foram revogadas, negadas, suspensas ou restringidas entre 2001 e 2005, depois de alegações de delitos sexuais. Jovens foram vítimas em pelo menos 1.801 dos casos, e mais de 80% deles eram alunos. Pelo menos metade dos educadores punidos pelas autoridades estaduais também foram condenados em processos criminais relacionados aos seus delitos.

As constatações oferecem paralelos claros com os escândalos de abuso sexual em outras instituições, entre as quais a Igreja Católica. Uma revisão conduzida pelo sínodo dos bispos dos Estados Unidos constatou que 4,4 mil dos 110 mil sacerdotes católicos do país foram acusados de molestar menores, entre 1950 e 2002. Os abusos praticados pelo clero ganharam espaço na consciência do país, depois de uma série de casos de grande destaque. Mas, até agora, não havia uma percepção clara sobre a dimensão dos abusos dos professores.

Para além dos horrores dos crimes individuais, a maior vergonha é que as instituições que administram a educação tenham enfrentado apenas de maneira esporádica um problema que é aparente há anos. "Com base em minha experiência - e isso pode me causar problemas -, creio que cada distrito escolar do país abrigue pelo menos um praticante de abusos", diz Mary Jo McGrath, advogada da Califórnia que passou 30 anos investigando abusos e delitos nas escolas. "Não importa se urbanos, suburbanos ou rurais".

Jennah Bramow, uma das acusadoras de Lindsey em Cedar Rapids, Iowa, gostaria de saber por que a indignação quanto a essa situação não é maior. "As pessoas supostamente deveriam poder enviar seus filhos à escola sabendo que eles estarão seguros", afirma Bramow, 20 anos. Embora outras vítimas tenham aceitado acordos para encerrar seus processos e, sob os termos destes, assinado promessas de sigilo, ela decidiu que processaria as escolas de sua cidade por não a terem protegido contra Lindsey - e venceu. Foi só então que a licença de Lindsey foi revogada.

Quando tinha 8 anos e era aluna de Lindsey na escola primária, Bramow conta que o professor a fez colocar a mão naquilo que ela então chamava de "pipi". "Como você sabia que era o pipi dele?", perguntou um dos investigadores do Centro St. Luke¿s de Proteção à Criança, em Cedar Rapids, à menina, em uma entrevista realizada em 1995 e preservada em vídeo.

"Porque acho que senti alguma coisa", disse Bramow, então uma menina inquieta, de cabelos longos. "O que você sentiu?", o investigador perguntou. "Tinha calombos", ela respondeu, e depois fez um desenho mostrando a área em que Lindsey a havia forçado a tocá-lo, na altura do zíper das calças do professor.

Lindsey, 68 anos, recusou diversos pedidos de entrevista. "Jamais ocorre a pessoas como vocês que há gente que não deseja ver seu passado reaberto", ele disse a um repórter da AP que o procurou em sua casa em Cedar Rapids.

Esse passado, de acordo com provas apresentadas no processo civil de Bramow, incluía acusações de alunos e pais, além de reprimendas de diretores de escolas que constam da ficha do professor mas terminaram por não gerar punições mais severas até 1995, quando as acusações de Bramow e duas outras meninas forçaram Lindsey a solicitar aposentadoria antecipada. Mesmo assim, ele manteve sua licença de ensino até que os Bramow decidiram levar o caso a público e apresentaram queixa contra ele às autoridades estaduais.

90% são homens
Como Lindsey, os agressores que a AP localizou são educadores comuns - entre os quais professores, psicólogos e diretores de escolas. Trata-se de profissionais muitas vezes reconhecidos pela excelência de seu trabalho e, em 90% dos casos, homens. Enquanto alguns praticaram abusos contra os alunos nas escolas, outros foram indiciados por delitos sexuais cometidos fora do horário escolar e que não necessariamente envolviam estudantes das instituições às quais estavam ligados, por exemplo, o consumo e disseminação da pornografia infantil.

Entre eles estão:
Joseph Hayes, ex-diretor de escola em East St. Louis, no Illinois. Um teste de DNA conduzido como parte de um processo civil demonstrou que ele engravidou uma aluna de 14 anos. Jamais foi acusado criminalmente, mas teve sua licença suspensa em 2003. Ele ignorou uma ordem de abrir mão de sua licença de ensino em caráter permanente.

Donald Landrum, professor de segundo grau no condado de Polk, Carolina do Norte. Seus chefes o advertiram de que não deveria se reunir com alunas a portas fechadas. A escola instalou uma porta de vidro em seu escritório, mas Landrum a revestiu de papel. A polícia posteriormente encontrou material pornográfico e camisinhas em sua sala, e alegou que ele estava a ponto de fazer sexo com uma aluna, em 2005. A licença de Landrum foi revogada.
Rebecca Boicelli, ex-professora em Redmond City, Califórnia. Ela teve um filho com um ex-aluno de 16 anos, e tirou licença-maternidade, em 2004, enquanto a polícia investigava o caso. Rebecca foi logo em seguida contratada para lecionar em um distrito escolar vizinho, e membros do conselho escolar de seu novo empregador dizem que a polícia não os informou sobre a investigação.

Escolas públicas
A maioria esmagadora dos casos examinados envolve professores nas escolas públicas. Professores de escolas privadas raramente surgem como envolvidos, porque muitos deles não têm a obrigação de obter licenças de ensino e, mesmo quando o fazem, as ações disciplinares contra eles em geral são conduzidas dentro das escolas nas quais lecionam.

Dois dos maiores sindicatos norte-americanos de professores, a Federação Norte-Americana de Professores (AFT) e a Associação Nacional da Educação (NEA), já denunciaram diversos casos de abuso sexual, sem deixar de enfatizar que os direitos dos educadores também precisam ser levados em consideração. "Os estudantes precisam ser protegidos contra predadores sexuais e abusos, e os professores precisam ser protegidos contra falsas acusações", disse Reg Weaver, presidente da NEA, que se recusou a conceder entrevista mas divulgou uma declaração de dois parágrafos sobre o tema. Kathy Buzad, da AFT, disse que "mesmo um único incidente de conduta sexual indevida da parte de um professor para com um aluno já é demais".

Os Estados Unidos se tornaram "mais simpáticos" para com as vítimas de abusos sexuais nas últimas décadas, especialmente quando se trata de pessoas jovens. As leis aprovadas nos últimos anos para proteger as crianças contra abusos levam os nomes de jovens vítimas desse tipo de crime. A polícia conferiu prioridade à repressão dos predadores sexuais na Internet. As pessoas condenadas por abusos enfrentam hoje sentenças mais duras, e têm de se registrar como criminosas sexuais depois de libertadas.
Mesmo assim, os professores sexualmente abusivos continuam a tirar vantagem de sua posição, e existem numerosas explicações para isso. Para começar, muitos norte-americanos negam o problema, e chegam a tratar os casos de abuso com uma fascinação equivocada. Reportagens na mídia popular alardeiam relacionamentos entre professoras atraentes e seus alunos.

"Os casos são tratados de forma lúbrica, e comediantes em programas de TV perguntam que menino de 14 anos não gostaria de fazer sexo com a professora. Isso torna a questão trivial", diz Robert Shoop, professor de administração da educação na Universidade Estadual do Kansas, que escreveu um livro cujo objetivo é ajudar os distritos escolares a identificar e corrigir delitos de conduta sexual.

E U A EM CHÂMAS


Incêndios na Califórnia deixam 250 mil desalojados

Uma pessoa morreu e cerca de 250 mil já foram removidas de quase 10 mil casas a nordeste da cidade de San Diego nas últimas horas por causa dos incêndios que assolam o sul da Califórnia, nos Estados Unidos, e estão fora de controle.

Os fortes ventos ameaçam espalhar o fogo por uma região que, devido à seca, pode ser facilmente consumida pelas chamas. Quase 4 mil metros quadrados foram queimados em San Diego depois de os ventos terem espalhado os incêndios que começaram em Malibu - tradicional reduto de celebridades - e castigam a área desde ontem.

"A situação continua piorando", disse o chefe do Corpo de Bombeiros no condado californiano de Fallbrook, Bill Metcalf. "Há muito boas possibilidades de o fogo chegar à costa antes de se extinguir". Segundo Metcalf, as principais casas afetadas em San Diego ficam nas comunidades de Escondido, Rancho Bernardo, Poway, Forest Ranch e Lake Hodges.

A aridez do terreno e os fortes ventos vindos da direção de Santa Ana fizeram com que o incêndio se estendesse pelo sul da Califórnia (entre Los Angeles e San Diego) matando uma pessoa e deixando pelo menos 17 feridas.

Quatro dos feridos são bombeiros envolvidos no combate ao fogo. Até o final de domingo, as chamas tinham consumido uma superfície de mais de 80 quilômetros quadrados, segundo um porta-voz do Departamento Florestal da Califórnia.

"A situação está 0% controlada, o que significa que estamos à mercê do vento", afirmou a prefeita de Malibu, Pamela Conley. Malibu é uma área residencial situada a 35 quilômetros de Hollywood que ocupa cerca de 40 quilômetros ao longo da costa do Oceano Pacífico. Lá moram várias estrelas do showbiz.

Entre as casas afetadas pelo fogo estava o luxuoso castelo Kashan, propriedade da socialite Lilly Lawrence, e que acabou devorado pelas chamas. Já foram desocupadas as casas do cineasta James Cameron (de Titanic), da cantora Olivia Newton-John (de Grease - Nos Tempos da Brilhantina) e dos atores Ryan O'Neal e Victoria Principal, entre outros. Também estão em perigo as residências dos atores Mark Hammill (Guerra nas Estrelas), Sean Penn (Sobre Meninos e Lobos) e David Duchovny (Arquivo X).

O governador do estado da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, declarou estado de emergência em sete condados. No entanto, a situação piorou hoje e atualmente existem 12 focos de incêndio sem controle na região. Schwarzenegger disse hoje que o vento "é o inimigo número um atualmente".

O fogo também chegou até o campus da Universidade Pepperdine, fazendo funcionários e alunos deixarem as instalações. Mais de 24 construções, incluindo cinco casas, a sede de uma fábrica de cristal e uma igreja presbiteriana, foram destruídas até o momento na região de Malibu, segundo a rede CNN.

Outro grande incêndio, espalhado pelos ventos de quase 130 km/h, arrasou cerca de 50 quilômetros quadrados ao redor de Santa Clarita, a 56 quilômetros do centro de Los Angeles. O prefeito de San Diego, Jerry Sanders, admitiu que o fogo se espalhou muito mais rápido do que o previsto e que entrou nos limites da cidade na madrugada de hoje.

Sanders pediu com urgência que os habitantes da cidade "recolham seus pertences mais importantes para começar a remoção imediatamente". As forças de segurança usam desde ônibus escolares até carros particulares para retirar os desabrigados. Ainda está vivo na memória dos cidadãos da região o incêndio que matou 12 pessoas e consumiu 1.134 quilômetros quadrados de terras ao sul da cidade de Ramona, em 2003.




GUERRA CIVIL DO RIO..


Guerra do Rio faz mais vítimas inocentes


Motoqueiro é alvejado por bala perdida durante operação policial para reprimir o tráfico de drogas no Complexo do Alemão

RIO - Um dia depois de uma menina de 13 anos ser morta em operação policial no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, a guerra do Rio, que há um mês chocou o país, com a morte de outra criança , o menino João Hélio de seis anos , faz novas vítimas inocentes. Confronto entre traficantes e policiais no Complexo do Alemão, em Bonsucesso, também na Zona Norte, deixou pelo menos um policial e um bandido mortos e nove pessoas feridas, entre elas quatro atingidas por balas perdidas. Entre as vítimas está uma professora que estava numa escola e chegou a ligar para o marido, avisando que tinha sido atingida por bala perdida ( veja casos de crianças atingidas por balas perdidas ). Uma situação parecida com a que viveu a menina Priscila, de 13 anos, em São Paulo , alvejada por um tiro e que, caída no chão, telefonou para a mãe. Durante a operação foi estourado um paiol do tráfico com armamento pesado e cerca de 15 mil balasl . Veja fotos da operação.

A polícia entrou na comunidade para tentar prender Antonio Ferreira de Souza, bandido conhecido como Tota e que seria chefe da venda de drogas na área. Um helicóptero e o blindado apelidado de Caveirão deram apoio à operação. Assim como no Morro dos Macacos, os policiais entraram na favela em horário de movimento, com moradores indo para o trabalho e crianças, para a escola (opine: a polícia não deveria mudar de estratégia? ). Também como nos Macacos, a polícia informou ter sido recebida a tiros pelos traficantes. Novamente repetindo o dia anterior, gente que não tem nada a ver com a guerra entre bandidos e policiais acabou sofrendo as conseqüências. ( Relembre a última operação no Complexo do Alemão ). Há menos de um mês, no mesmo complexo de favelas, um morador morreu atingido por bala perdida.

Policial se posiciona próximo aos fotógrafos durante operação contra o tráfico de drogas no Complexo do Alemão
O aposentado Cleber José da Silva Martins, de 55 anos, foi um dos primeiros baleados. Morador do Cachambi, ele foi a Ramos comprar uma peça para sua moto, quando uma bala perdida o atingiu na coxa esquerda. Cleber caiu em frente à Favela da Grota. Também na entrada da Grota, num galpão da Comlurb, o gari Eduardo Miranda, de 36 anos, foi atingido por um tiro de raspão na coxa esquerda. Funcionários da Comlurb e da vizinha Vila Olímpica Carlos Castelo ficaram apavorados. Muitas crianças faziam aulas de natação e futebol e só conseguiram sair correndo após 10h. O aposentado e o gari foram medicados no Hospital Geral de Bonsucesso. Para o mesmo hospital foi levado um policial da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), atingido por estilhaços de granada no olho esquerdo.

A professora Matilde Ferreira, de 40 anos, foi baleada do outro do lado do Complexo do Alemão, em Olaria. Ela saía da Escola Peninha Verde, na Rua João da Silva, quando foi atingida na coxa direita. Moradora da Ilha do Governador, ela dizia ao marido, Manuel Ferreira, que tinha medo de ser baleada. Outros dois feridos foram levados para o Getúlio Vargas.

O PM Lázaro Poti, baleado no pescoço e nas mãos, e um representante comercial, de 48 anos, atingido de raspão na cabeça, num ponto de ônibus. Outro policial civil, da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), foi baleado no pé e atendido na Clínica Doutor Balbino, em Olaria. Também ficaram feridos e foram levados para o hospital dois jovens, que, segundo a polícia, podem ter relação com o tráfico. Outros oito traficantes, ainda de acordo com policiais, teriam sido baleados e estariam na favela.

Um bandido não identificado foi morto. Seu corpo chegou a ser levado pelo carro blindado (“caveirão”) do Batalhão de Operações Especiais (Bope) para o Getúlio Vargas. Os traficantes atiraram contra o helicóptero da Polícia Civil que foi resgatar o corpo do agente da Polinter José Carlos Pereira Mondaine, morto no início da operação. O policial ficou encurralado próximo a um campo de futebol, no alto da Grota, na localidade conhecida como Pedreira. Só depois de vários rasantes do helicóptero, agentes conseguiram retirar o corpo do policial.

O delegado Alan Turnowski, que comandou toda a operação, comemorou o resultado da incursão, mas lamentou as vítimas de balas perdidas:

— Infelizmente, o poderio dos traficantes era grande, mas a polícia não pode deixar de atuar. Num complexo onde 95% das pessoas são honestas, infelizmente isso (inocentes serem feridos por balas perdidas) pode acontecer.
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