6 de jun. de 2007

PARKINSON - O QUE É ISSO??


DOENÇA DE PARKINSON

O que é?

Doença de Parkinson é uma doença degenerativa do sistema nervoso central, lentamente progressiva, idiopática (sem causa conhecida), raramente acontecendo antes dos 50 anos, comprometendo ambos os sexos igualmente, se caracterizando por:
Rigidez muscular
Tremor de repouso
Hipocinesia (diminuição da mobilidade)
Instabilidade postural.


Como se desenvolve?

A anomalia principal consiste numa perda de neurônios de uma área específica do cérebro que produzirá a diminuição de uma substância chamada dopamina, alterando os movimentos chamados extrapiramidais (não voluntários).

O que se sente?

Esta doença é insidiosa, podendo começar às vezes com um tremor, outras vezes com falta de mímica facial, diminuição do piscar, olhar fixo, movimentos lentos (bradicinesia).

A voz poderá ser monótona, escorrendo com facilidade saliva pelos cantos da boca. A pele, principalmente a facial, é lustrosa, "graxenta" e seborréica.

A marcha fica cada vez mais difícil, com passos pequenos, arrastando os pés, com os braços encolhidos, tronco inclinado e, em casos avançados a pessoa aumenta a velocidade da marcha para não cair (festinação). Outras vezes, pode ficar parado (congelado) com enorme dificuldade para se colocar em movimento.

Os tremores, que são involuntários, em uma ou em várias partes do corpo, se caracterizam pelos três "R" - Regular, Rítmico e de Repouso. Também se caracterizam por diminuir com os movimentos voluntários, se manifestando sobretudo nas mãos.

Como existe uma hipocinesia, que se caracteriza por um déficit dos movimentos automáticos, o paciente fica como que parado, estático, com os movimentos voluntários lentos, diminuindo a capacidade inclusive de escrever, ficando a letra pequena (micrografia) e a linguagem monótona e às vezes ininteligível.

Como se faz o diagnóstico?

O diagnóstico na fase inicial, muitas vezes não é fácil, sendo que, como de costume, o mesmo deverá ser realizado por um médico, preferencialmente neurologista, que dirá se a causa é idiopática (causa desconhecida), ou se é devido a outras causas. Os sintomas acima referidos podem ser devidos a medicamentos variados (fenotiazinas, haloperidol, reserpina, lítio, cinarizinas, flunarizina), porém, nesse caso, não costumam ser tão intensos.

Intoxicação por monóxido de carbono ou manganês, infartos cerebrais dos gânglios de base, hidrocefalia, traumatismos cranioencefálicos, encefalites, podem ser a causa desta doença, que tem tratamento e controle, porém não cura.

Como se trata?

O diagnóstico à medida que o tempo passa se torna mais nítido, evidente e fácil (a exemplo e imagem do Papa João Paulo II). Assim não é o tratamento, que costuma inicialmente dar resultados excelentes se os enfoques e cuidados terapêuticos necessários forem tomados.

Cada indivíduo responde diferentemente ao tratamento e o que favorece um paciente pode desfavorecer outro. É necessário corrigir a diminuição progressiva da dopamina com calma.

O tratamento consiste no uso de medicamentos, fisioterapia, psicoterapia e, em alguns casos selecionados, cirurgia. É importante tomar cuidado com certos tipos de medicamentos que desencadeiam ou pioram a síndrome Parkinsoniana.
Tratamento Medicamentoso

Geralmente são usados medicamentos da classe dos anticolinérgicos, como o triexifenedil e biperideno, que são eficientes e bem tolerados. A selegilina tem sido considerada uma das principais drogas do cérebro desde 1990. Também são utilizadas a levodopa, a carbidopa e a benzerazida.

Bromocriptina, lissurida e pergolida são novos medicamentos que quando indicados devem ser dados progressiva e lentamente, até atingir as doses suficientes.

Como a doença é progressiva, novas manifestações de difícil controle aparecerão, como o "liga - desliga" nas atividades do paciente ("on e off") as quais estão atualmente sendo controladas acrescentando-se ao tratamento tolcapom e pramipexole.

Tratamento Psicoterápico

Pacientes com Parkinson podem ter problemas mentais, como depressão, graus diversos de demência, próprios da doença e piorando pelos medicamentos anteriormente indicados (levodopa, anticolinérgicos, selegilina, amantadina). Consegue-se controlar este sério problema principalmente com a Clozapina, que trata os quadros psicóticos, não piorando a sintomatologia parkinsoniana, pelo contrário, podendo melhorar também o tremor. Essa droga precisa de uma supervisão médica severa.

Os antidepressivos fazem parte do arsenal terapêutico com os seus devidos controles.

O psicoterapeuta e a família dando ocupações, carinho e estímulos são elementos importantíssimos na boa evolução do paciente.

Tratamento Cirúrgico

Há décadas vem sendo utilizado o tratamento cirúrgico para o controle da sintomatologia parkinsoniana, ora atuando sobre os tremores, ora sobre a rigidez, com técnicas e resultados variáveis e discutíveis.

Com os novos aperfeiçoamentos tecnológicos, o tratamento cirúrgico em casos sumamente selecionados poderá ser indicado.

O CÉREBRO HUMANO..


Os enigmas do cérebro.
Os enigmas do homem.
O cérebro humano é a estrutura mais complexa do universo conhecido. A sua estrutura é
construída e mantida, em simultâneo, pelos genes e pela experiência, sendo a sua versão actual
o resultado de milhões de anos de evolução. Talvez por estas razões tenha o cérebro sido
objecto não só de especulação filosófica como de experimentação com vista a se tentar perceber
o seu papel na organização da vida dos seres cerebrados.
Nos mamíferos, a evolução ficou marcada por uma divisão no trabalho do cérebro a qual criou
duas áreas especializadas: a área dorsal e a área ventral. Enquanto que a primeira se especializou
em comandos ligados ao evitamento de situações de perigo para o organismo, a segunda, liberta
daquelas funções, especializou-se no comando de actividades de identificação dos objectos do
mundo, de um modo pormenorizado, lento e em série. Nos primatas a especificação dorsoventral
evoluiu para a especialização direito-esquerdo – o hemisfério direito com uma actividade
mais global e de natureza espaço-temporal, e o hemisfério esquerdo com uma actividade de
natureza mais concentrada, analítica e em série. Tudo isto se processou, segundo o modelo
darwiniano, por selecção natural. Contudo, o modelo darwiniano da selecção natural não
conseguiu distinguir entre os traços que persistiram através de gerações porque eram adaptativos
dos traços que persistiram porque não eram desadaptativos. Nem tão pouco Darwin atribui
significado à diferença entre uma extinção gradual em resultado da herança de qualidades
desadaptativas e a extinção súbita causada por um acontecimento ecológico invulgar.
Para além disso, sob aquela configuração básica teremos de acrescentar a emergência de uma
outra configuração resultante da emergência de outra característica do sistema nervoso: a
plasticidade. Deste modo, se tornou possível acrescentar um conjunto de novos fenótipos
comportamentais individuais adquiridos por aprendizagem ao longo do processo de maturação
ontogenética.
A emergência da plasticidade do sistema nervoso, tendo ocorrido ao mesmo tempo que a
especialização básica atrás descrita, acabou por se afirmar como um novo meio para a evolução
se processar. Isto é, face às condições permanentemente mutantes do contexto ambiental, os
organismos – para manterem a sua estrutura – têm de lhes fazer face e reorganizarem um
novo desenho de si próprios que se adapte, de algum modo, às condições encontradas.
A esta reorganização ora a designamos por aprendizagem, ora a designamos por desenvolvimento,
com uma linha ténue e problemática de demarcação. Talvez por isso Daniel Dennet prefira
designá-lo por fixação pós-natal da organização, querendo com isto significar que após o nascimento
existe ainda algum grau de variação o qual se poderá fixar, por um processo ou por outro, num
elemento relativamente permanente ao longo da vida. O processo que preside a esta organização
decorre de forma análoga ao processo que fixa a organização antes do nascimento: por selecção
natural dentro do organismo.
Este tipo de organização define a estrutura básica da aprendizagem e do desenvolvimento: o
que está previamente fixado no indivíduo por selecção natural ordinária funciona como selector
mecânico, deixando as restantes possibilidades organizativas como candidatas múltiplas à selecção

CÉLULAS - TRONCO...OQUE PODE SER ISSO??



O que são células-tronco?

As células imaturas que se multiplicando são capazes de dar origem a tecidos diferenciados são chamadas células-mãe ou células-tronco.

Elas podem ser:

embrionárias:
são capazes de se multiplicar de forma rápida, dando origem a todas as variedades de tecidos diferenciados.
adultas:
as células maduras, sendo as mais conhecidas as encontradas na medula óssea, multiplicam-se mais lentamente e sua capacidade de geração de variedades de tecidos diferenciados é limitada.


A fecundação do óvulo pelo espermatozóide dá início a uma seqüência de reproduções celulares que vêm formar um grupo de células cujas características são muito peculiares. Elas, ao se multiplicarem, originam células idênticas a elas próprias e, a partir de um determinado momento, são capazes de dar origem a qualquer tipo de tecido do organismo, vindo finalmente a originar os diferentes órgãos. Daí o nome células-tronco embrionárias. Vale ressaltar que as duas propriedades citadas (reprodução de mesmas células e de células diferenciadas) constituem o núcleo de interesse das pesquisas sobre as células-tronco embrionárias. Estas células poderão ser a chave do tratamento, em qualquer variedade de tecido, de substituição de células lesadas por outras células da mesma diferenciação, mas com plena vitalidade. De forma diferente, das células – tronco, as células já diferenciadas se reproduzem com as suas próprias espeficidades, assim as células da mucosa oral ao se reproduzirem dão origem a células da mucosa oral exclusivamente.

Quanto à capacidade de originar diferentes espécies de tecidos, as células tronco podem ser qualificadas como:

Totipotentes:
As células-tronco embrionárias que podem formar todos os tecidos incluindo a placenta são denominadas embrionárias - totipotentes. Elas constituem o primeiro grupo de até 32 células, e se formam nas primeiras 72 horas após a fecundação do óvulo. Neste momento, não é possível identificar neste grupo celular qualquer diferenciação de tecido específico. A formação da placenta e de seus anexos somente ocorre quando estas células totipotentes são implantadas no útero.
Multipotentes:
As células embrionárias, a partir do quinto ou sexto dia após a fecundação, quando constituem um grupo de 64 células, são capazes de formar qualquer espécie de tecido exceto placenta, e são denominadas células multipotentes.
Unipotentes
Em órgãos já formados, por exemplo o sistema nervoso, são encontradas células-tronco tipo adulto que dão origem a um único tipo de tecido, a função provável destas células é a reparação de tecidos determinados, já na medula óssea a função das células–tronco tipo adulto é manter o nível de elementos figurados do sangue que necessitam constante substituição.
Oligopotentes
As células-tronco adultas que podem originar mais de um tipo de tecido são chamadas oligopotentes, e encontram-se, por exemplo, no tecido intestinal.


O que ordena que a célula embrionária se transforme em cada tipo de tecido?

Existem estudos que identificam fatores de diferenciação que, quando colocados em culturas de células-tronco determinam que elas se diferenciem em um certo tecido.

Uma outra possibilidade que está sendo investigada é: células-tronco, em contato com um tecido diferenciado, transformar-se-iam naquele tecido diferenciado? Por exemplo: células-tronco adultas obtidas de cordão umbilical ou medula óssea, quando colocadas em contato com determinado tecido conseguem se diferenciar em células deste mesmo tecido? A resposta a esta especulação é fundamental para o desenvolvimento da terapia celular. Células-tronco embrionárias multipotentes, com toda a certeza, podem fazê-lo.

Das células-tronco adultas espera-se que possam reproduzir um tecido específico ao se reproduzirem em contato com ele. A injeção no miocárdio de células tronco da medula óssea produzirá a formação de novos vasos para irrigar o músculo cardíaco, ou originará nova musculatura cardíaca para substituir as células lesadas, ou fará as duas alternativas?

Terapia Celular

Como exemplo de um método de terapia celular eficiente, de rotina bem estabelecida, temos o transplante de medula óssea para tratamento da leucemia. Neste procedimento, a medula óssea do doador provê células-tronco unipotentes que vão fabricar novas células sangüíneas sadias.

O que se pode esperar?

Espera-se que células lesadas, ou com função pouco eficiente, das mais variadas categorias, possam ser substituídas em qualquer de nossos órgãos por células jovens induzidas a desempenhar as tarefas das células originais. O alcance desta nova possibilidade terapêutica parece atingir objetivos sem precedentes. As pesquisas ainda são iniciais. Há necessidade de comprovação de vários conhecimentos e técnicas ainda iniciais. O caminho é promissor e certamente longo.

5 de jun. de 2007

JESUS CRISTO - O JULGAMENTO


O Julgamento de Jesus



"Há tanto misticismo e confusão acerca da crucificação e ressurreição que acabamos perdendo de vista o fato de que Jesus de Nazaré foi julgado como homem diante de uma corte de homens sob as leis dos homens, condenado e executado como homem, e que como drama, o julgamento de Jesus supera quaisquer dos grandes julgamentos da história da justiça humana.

Abordarei esse assunto como advogado, não como teólogo. Recomendo a pesquisa dos aspectos teológicos dos eventos por conta de cada um. Creio que ter o ponto de vista de um advogado sobre os processos da lei que culminaram na morte de Jesus na cruz cruel do Calvário pode levar a uma melhor compreensão espiritual.

De início eu quero enfatizar que não considero que uma raça inteira de pessoas (os Judeus) tenha causado a morte de Jesus. E também não creio que nenhum Cristão inteligente pensaria isto.

Minha opinião é que apenas uns poucos homens poderosos em Israel - principalmente os sacerdotes superiores daquela nação - foram os responsáveis pela injustiça que ocorreu. Para entender quão grande foi essa injustiça, vamos examinar a lei Judaica como ela existia na época... Um verdadeiro e magnífico sistema de justiça criminal.

Sob as provisões da lei Judaica não poderia haver condenação por um crime capital baseado no testemunho de menos que duas pessoas. Uma testemunha era considerada a mesma coisa que nenhuma testemunha. Se houvessem apenas duas testemunhas, ambas teriam que concordar em todos os particulares até os mínimos detalhes. Sob a lei rabínica, o acusado tinha o direito de ter um defensor (o precursor da garantia de ter um advogado em processos criminais que é definido pela Sexta Emenda da Constituição dos Estados Unidos). Se o acusado não pudesse pagar pela defesa, um defensor seria escolhido para ele.

Alguém poderia pensar no caso Gideon versus Wainwright, que deu origem ao sistema de defensores públicos como uma inovação. Mas na realidade essa era a prática das cortes desde há 2000 anos atrás!

Sob a lei Mosaica, um acusado não poderia ser obrigado a testemunhar contra si mesmo. Esse era o espírito da Quinta Emenda: "Ninguém deve ser obrigado a servir de testemunha contra si próprio em nenhum caso criminal." Eis o conceito de "apelo a Quinta Emenda", que fez parte da justiça criminal desde os tempos de Moisés!

Uma confissão voluntária não era suficiente para a condenação sob a lei Judaica. O ônus da prova ainda era do Estado, que tinha que provar que a confissão, se houvesse sido feita, teria sido feita livremente, de forma voluntária e de plena consciência.

Hoje em dia, os policiais norte-americanos são obrigados a ler os "direitos Miranda" ("Você tem o direito de ficar calado. Tudo o que disser poderá ser usado contra você.", etc ...) para os acusados de forma que a Corte possa determinar que uma confissão seja feita livremente, voluntariamente e conscientemente.

Se uma confissão é feita depois que a lei Miranda foi ouvida e compreendida, a confissão pode ser admitida. Mas não era assim nos tempos de Jesus. A lei Judaica não admitia confissão, sob a crença de que o Estado jamais poderia se basear no que uma pessoa disse de sua própria boca para condená-la.

Uma evidência circunstancial é aquela que não está diretamente ligada ao crime, mas sim relacionada à outras evidências, que juntas, servem para que se deduza como um crime foi realizado. Em um julgamento, as impressões digitais da pessoa (evidência circunstancial) servem para deduzir que o acusado esteve em tal local e tocou em tal objeto, mesmo que ninguém tenha visto o acusado.

No caso em que uma testemunha diz "ouvi um tiro e quando cheguei à cena segundos depois, vi o acusado com uma arma na mão", essa evidência é circunstancial. O problema é que o acusado pode ter disparado um tiro contra o agressor que fugiu após o crime ou o acusado pode ter sido apenas alguém que pegou a arma depois que o agressor a jogou no chão.

Pois bem, as evidências circunstanciais também não eram admitidas. Hoje em dia, raramente se vê um caso nas cortes onde as evidências circunstanciais não sejam usadas. Atualmente, em muitos casos as únicas evidências existentes são totalmente circunstanciais.

Os depoimentos do tipo "ouvi fulano falar isso" (o "ouvir dizer") também não eram admitidos na época. Ainda temos essa regra contra admitir depoimentos de testemunhas que não estão no tribunal e que não podem ser examinadas pessoalmente, mas as exceções à essa regra têm demolido as proteções originais aos acusados.

A regra "inocente até prova em contrário" que nossas leis reconhecem hoje (isto é, um acusado é presumido inocente até que sua culpa tenha sido estabelecida por evidências e pela eliminação de qualquer dúvida razoável) também vem da lei Judaica e essa era a regra quando Jesus foi injustamente crucificado.

O acusado de um crime capital só podia ser julgado durante o dia e em público. Esse era o precursor da garantia constitucional de um julgamento em público. Nenhuma evidência poderia ser apresentada se o acusado não estivesse presente. Isso deu origem ao atual direito que os acusados têm de estarem face a face com as testemunhas depondo contra eles. As testemunhas não tinham que jurar. O mandamento "Não dirás falso testemunho contra o teu próximo" era considerado suficiente para deter o perjúrio. Mentir na corte era perjúrio - sob juramento formal ou não.

E mais ainda, havia dois desestímulos adicionais ao perjúrio: (1) qualquer testemunha em um caso de crime capital que desse falso testemunho recebia a pena de morte, e (2) se o acusado de um crime capital fosse condenado, as testemunhas eram obrigadas a assistir à execução. Sob essa provisão da lei, as testemunhas geralmente escolhiam suas palavras cuidadosamente e só davam testemunho com grande cuidado!

O Grande Sinédrio, a Suprema Corte Judaica, era a única corte com jurisdição sobre crimes puníveis com a morte. A criação do Sinédrio é atribuída à Moisés. Foi uma corte de 70 membros composta de um Sumo Sacerdote como juiz principal, uma Câmara Religiosa de 23 sacerdotes, uma Câmara Legal de 23 escribas, e uma Câmara Popular de 23 anciãos. Era a essa corte que Jesus se referia quando ele disse que devia ir a Jerusalém e sofrer nas mãos dos anciãos, sacerdotes e escribas. Ele sabia que pela decisão deles ele seria morto.

Extremo cuidado era usado para selecionar os juízes dessa grande corte. Cada um devia ter pelo menos 40 anos de idade com experiência em pelo menos 3 cargos de dignidade gradativamente maior. Cada um tinha que ser uma pessoa de integridade incontestável e tido em alta estima por seus conterrâneos.

Membros do Sinédrio atuavam como juízes e jurados. Eles não tinham um júri separado. Qualquer membro com interesses ou conhecimento pessoal das partes era requerido que se retirasse do julgamento. A Corte tinha que decidir a questão da culpa ou inocência apenas com evidências apresentadas no tribunal.

O Sinédrio era encarregado sob a lei rabínica de proteger e defender o acusado. Nenhum membro da corte poderia atuar inteiramente como acusador ou promotor. A lei requeria que a corte desse aos acusados o "benefício da dúvida" e para ajudar o acusado a estabelecer sua inocência. Os procedimentos de julgamento eram similares aos nossos. Seguindo-se à audiência preliminar, um sumário das evidências era dado por um dos juízes. Os espectadores eram então removidos do tribunal e os juízes votavam. Uma maioria era suficiente para condenar ou absolver. Se uma maioria votasse pela absolvição, o julgamento terminava e o condenado recebia a liberdade total. Se uma maioria votasse pela condenação, então um procedimento diferente era seguido.

Nenhum anúncio de veredito poderia ser feito nesse dia. A corte teria que adiar por um dia inteiro. Os juízes recebiam permissão para voltarem às suas casas mas não poderiam ocupar suas mentes em quaisquer atividades sociais ou de negócios. Eles tinham que devotar seu tempo inteiro para a consideração e reconsideração solene das evidências e retornar no dia seguinte para votar de novo.

Nesse segundo dia, qualquer juiz que houvesse votado pela absolvição não poderia mudar seu voto, mas qualquer juiz que, na primeira votação, houvesse julgado o acusado como "culpado" poderia mudar seu voto. Durante esse tempo, o acusado ainda era presumido inocente.

Uma outra provisão peculiar da lei Judaica era de grande importância, porque um veredito unânime de culpa resultava na absolvição do acusado! Isso derivava do dever que a corte tinha de proteger e defender o acusado. A lei Mosaica estabelecia que desde que algum membro da corte tinha que fazer a defesa do acusado, um veredito unânime de culpa indicava que ninguém teria feito essa defesa, que poderia ter havido uma conspiração contra o acusado, e que ele não teria tido um amigo ou defensor. Tal veredito unânime era inválido e tinha o efeito de uma absolvição.

Israel não era uma democracia com Igreja e Estado separados, mas uma teocracia com Igreja e Estado entrelaçados como uma coisa só. Muitos acreditam que os altos sacerdotes ordenaram a prisão e julgamento ilegal de Jesus, que eles foram quem subornaram Judas, que eles sozinhos é que se sentiram ameaçados pelos ensinamentos de Jesus em público, e que eles sozinhos é que buscaram a morte de Jesus.

A prisão foi ilegal porque ela veio de noite, em violação à lei. Ela foi efetuada através das atividades do conspirador Judas Iscariotes em violação à lei rabínica. Ela não foi resultado de um mandado legal, novamente em violação ao código Mosaico. Os guardas romanos que prenderam Jesus no Jardim de Gethsemane e o trouxeram ao tribunal do Sumo Sacerdote não tinham uma ordem de prisão legal. O julgamento noturno é uma evidência adicional de conspiração contra Jesus por esses sacerdotes cuja hipocrisia o Carpinteiro denunciava publicamente. Sob a lei do Sinédrio, o primeiro passo deveria ter sido a audiência prévia com a leitura das acusações para o réu em uma corte aberta. O registro (incluindo os escritos de Mateus, Marcos, Lucas, João, Josephus, Philo e os Manuscritos do Mar Morto) não menciona nenhum audiência prévia. E eu assumo que Mateus, Marcos, Lucas e João são testemunhas com credibilidade. Nós podemos crer em seus testemunhos.

O registro diz que a corte procurou testemunhos falsos contra Jesus para justificar condená-lo à morte mas da primeira tentativa não conseguiram, apesar dos várias testemunhos falsos que surgiram. Houve perjúrios entre eles mas ninguém estava disposto a arriscar a terrível conseqüência de mentir contra um homem acusado de crime capital.

Mas finalmente surgiram duas falsas testemunhas, e nos disseram Mateus e Marcos que ambos os testemunhos não concordam entre si. A primeira testemunhou para acusação de blasfêmia dizendo que Jesus havia dito "Eu sou capaz de destruir o Templo." A segunda testemunhou que Jesus havia dito "Eu vou destruir esse Templo."

Não houve outras testemunhas além dessas duas, e elas não concordavam entre si. Jesus deveria ser absolvido ainda antes de ser questionado em sua defesa... E certamente sem ser obrigado a testemunhar contra si próprio.

Porém, o sumo sacerdote Caifás invocou Jesus para que se defendesse (contrariando a lei). "E, levantando-se o sumo sacerdote no Sinédrio, perguntou a Jesus, dizendo: Nada respondes? Que testificam estes contra ti?" Jesus não respondeu.

Em vez de proteger e defender o acusado como requerido pela lei deles, o próprio sumo sacerdote se tornou o acusador, em franca violação das regras do julgamento. "Conjuro-te pelo Deus vivo", ele gritou, "que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus !"

Agora, coloquemo-nos na posição de um carpinteiro humilde diante dos homens mais poderosos do país, no maior tribunal da nação. É difícil imaginar quão grande foi a coerção e a pressão!

Embora Jesus pudesse continuar em silêncio, ele decidiu falar. "Se vo-lo disse, não o crereis, e também, se vos perguntar, não me respondereis." Os sacerdotes novamente perguntaram "És tu o Filho de Deus ?" A resposta de Jesus foi apenas "Vós dizeis que eu sou." Caifás então anunciou à Corte "De que mais testemunho necessitamos? Pois nós mesmos o ouvimos da sua boca." O resto dos homens daquela corte terrível, ouvindo essas palavras ditas pelo seu sumo sacerdote, ilegalmente confirmaram seu julgamento gritando "É réu de morte !"

A primeira audiência diante do Sinédrio foi concluída por volta das três da manhã. A Corte só adiou o julgamento até o nascer do sol, embora a lei exigisse que cada um deles deliberasse a sós por um dia inteiro antes da segunda audiência.

Eles retornaram apenas algumas horas depois, ao amanhecer. Lucas nos conta "E logo que foi dia, ajuntaram-se os anciãos do povo, e os principais dos sacerdotes e os escribas, e o conduziram ao seu concílio." Essa sessão foi superficial. Nenhuma testemunha foi invocada. Novamente a lei foi violada ao se exigir que Jesus respondesse à questão repetida "És tu o Filho de Deus?"

E novamente Jesus respondeu "Tu o disseste", e então acrescentou "digo-vos, porém, que vereis em breve o Filho do homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu." Diante disso, a corte gritou "Para que precisamos ainda de testemunhas? Eis que bem ouvistes agora a sua blasfêmia."

A votação foi feita, os votos dos juízes foram contados, e Marcos nos conta "todos o consideraram culpado de morte." A importância disso reside naquela provisão peculiar da lei Judaica que requeria a absolvição se houvesse veredito unânime.

Sob a lei Judaica, a morte por apedrejamento era a sentença apropriada para uma ofensa capital. O povo Judeu não crucificava e esse método de executar a pena de morte era de origem Grega ou Romana. Os Judeus executavam os condenados por apedrejamento, decapitação ou estrangulamento de acordo com a natureza do crime. Para a blasfêmia era prescrita a morte por apedrejamento.

No entanto, o exército Romano que ocupava Jerusalém na época era o único com poder de anunciar e executar sentenças de morte. O Sinédrio tinha apenas autoridade para levantar a acusação perante um magistrado Romano ou governador militar, o qual tinha o dever de rever o processo inteiro em um julgamento separado tendo poder para decidir. Portanto, "logo ao amanhecer, os principais dos sacerdotes, com os anciãos, e os escribas, e todo o Sinédrio, tiveram conselho; e, ligando Jesus, o levaram e entregaram a Pilatos."

Normalmente se diz que o reino de Judah nos deu a religião e a Grécia nos deu as artes, mas Roma nos deu as leis. O sistema judicial Romano era incomparável em matéria de jurisprudência, mas Pilatos não seguiu o sistema Romano. Ele não exerceu julgamento independente de acordo com a lei mas cedeu às pressões políticas dos sacerdotes Judeus, violando assim a própria lei que ele estava encarregado de fazer cumprir.

Sua história é um exemplo de como os juízes devem ser sempre livres de pressões políticas, livres para decidir os casos baseando-se apenas na lei e nas evidências. Como Procurador Imperial na Jerusalém ocupada pelos Romanos da época, Pilatos tinha o dever legal de rever todas as evidências e procedimentos nos casos capitais trazidos até ele pelos líderes Judeus. Ele foi um bom juiz (até que a segurança de seu cargo foi ameaçada pela política).

Os sacerdotes levaram Jesus para a entrada do palácio de Pilatos. (Eles não poderiam entrar porque se tornariam impuros, sendo uma época de Páscoa.) Pilatos foi até eles dizendo "Que acusação trazeis contra este homem?".

Essa pergunta é importante porque demonstra a intenção de Pilatos em levar o caso como um julgamento à parte desde o início, começando a julgar a própria acusação. Ele não perguntou "Vocês condenaram esse homem de quê?", mas em vez disso perguntou quais eram as acusações.

Os sacerdotes sabiam a importância da pergunta de Pilatos, então eles responderam indiretamente "Se este não fosse malfeitor, não te entregaríamos." Em outras palavras, Pilatos perguntou "qual a acusação contra este homem?" e os sacerdotes responderam "se ele não fosse culpado não estaria aqui!"

Pilatos percebeu essa tentativa de limitar sua jurisdição e induzi-lo a agir de acordo com a vontade deles. Isso o irritou e ele revidou: "Levai- vós, e julgai-o segundo a vossa lei !" Os sacerdotes foram então forçados a admitir "A nós não nos é lícito matar pessoa alguma."

Tentemos entender o dilema desses sacerdotes em violação às leis. Se eles apresentassem Jesus como um homem condenado por blasfêmia com o depoimento de apenas duas testemunhas que não concordaram entre si, Pilatos reverteria o veredito. Se eles apresentassem Jesus como alguém condenado por sua própria confissão, Pilatos também dispensaria o veredito. E, é claro, se eles informassem que Jesus havia sido condenado por votação unânime, Pilatos entraria com um veredito de absolvição.

Então, os maliciosos sacerdotes apresentaram Jesus a Pilatos sob uma nova acusação que eles inventaram naquele momento: traição contra César. "Havemos achado este, pervertendo a nossa nação", disseram eles, "proibindo dar o tributo a César, e dizendo que ele mesmo é Cristo, o rei."

Pilatos chamou Jesus para dentro do palácio e o perguntou em privado "Tu és o rei dos Judeus?" E Jesus perguntou a Pilatos para saber a origem da nova acusação: "Tu dizes isso de ti mesmo, ou disseram-te outros de mim?" Pilatos replicou "a tua nação e os principais dos sacerdotes entregaram-te a mim", explicando com isso de onde havia sido originada aquela acusação de traição.

Era uma coisa plausível que um Judeu acusasse um Romano de traição ou que um Romano acusasse um Judeu, mas naquele momento eram os Judeus mais proeminentes da nação acusando um de seus conterrâneos de crime de traição contra Roma!

Jesus disse a Pilatos "O meu reino não é deste mundo." E Pilatos insistiu "Logo tu és rei? "Jesus respondeu "Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz." Pilatos então fez a famosa pergunta "Que é a verdade ?"

Jesus não deu resposta alguma senão a presença silenciosa de Si, o cordeiro levado ao sacrifício por mentirosos, de forma que Pilatos saiu para onde os sacerdotes estavam e, de acordo com João, pronunciou sua absolvição enfática do carpinteiro Nazareno. Ele disse a eles "Não acho nele crime algum!

Até então, Pilatos havia seguido a lei à risca. A lei era boa. A lei teria libertado Jesus mas pela persistência desses maldosos sacerdotes que não se importavam em nada com as leis pelas quais eles mesmos governavam a terra e seus habitantes. Era intolerável para esses inimigos da verdade que seu complô assassino fosse frustrado dessa maneira. Os sacerdotes soltaram rugidos de indignação "Alvoroça o povo ensinando por toda a Judéia, começando desde a Galiléia até aqui."

Essa acusação era a de sedição (revolta, motim, crime contra o Estado), que era menos odiosa que a traição. Ela exigia a prova de uma motivação corrupta para a condenação, mas ainda nenhum motivo maldoso se pode provar que existira em Jesus.

Pilatos ignorou essa acusação, mas com a referência à Galiléia, ele encontrou uma oportunidade de escapar do que o esperava. Herodes, o Tetrarca da Galiléia, estava em Jerusalém para a Páscoa. Pilatos viu nisso uma chance de transferir a responsabilidade para Herodes, que tinha jurisdição para julgar acusações de sedição. Jesus era Galileu. Os sacerdotes aprovaram essa ação porque eles pensavam que Herodes faria o que eles quisessem para ganhar seus favores.

Jesus foi arrastado até o palácio de Herodes, onde as acusações de traição e sedição foram reiteradas. Herodes, contudo, não se impressionou. Ele havia ouvido a respeito dos ensinamentos de Jesus e o questionou, mas quando Jesus se recusou a responder (um direito de todo acusado), Herodes colocou nele uma túnica branca e o mandou de volta a Pilatos sem dar uma decisão. Se esse procedimento irregular tivesse qualquer status legal, ele levaria a uma nova absolvição. Pilatos concordou.

Lucas nos conta que quando os sacerdotes trouxeram Jesus de volta do palácio de Herodes, Pilatos saiu de encontro a eles e disse "Haveis-me apresentado este homem como pervertedor do povo; e eis que, examinando-o na vossa presença, nenhuma culpa, das de que o acusais, acho neste homem. Nem mesmo Herodes, porque a ele vos remeti, e eis que não tem feito coisa alguma digna de morte. Castigá-lo-ei pois, e soltá-lo-ei."

Notemos que Pilatos naquele momento cometeu um erro. Ele declarou "Esse homem é inocente. Herodes o julgou inocente e eu o julguei inocente. Eu vou, portanto, castigá-lo e soltá-lo !" Mas que autoridade legal tinha Pilatos para castigar um homem inocente? Porque ele fez isso?

Apesar de contrária à lei Romana, eu creio que Pilatos fez isso na esperança de que o castigo deixaria os sacerdotes satisfeitos de modo que eles cessariam suas exigências de morte. Assim, Pilatos ordenou o castigo de Jesus, não com uma punição branda, mas com o açoitamento até quase matar, com tiras de couro embutidas com pedaços de chumbo!

A imposição desse açoitamento ilegal foi, em si, um impedimento para punições ainda piores. Qualquer punição adicional violaria as leis tanto de Roma como de Israel, que estabeleciam que, já tendo o acusado sido condenado e punido, ele não poderia ser julgado novamente pelo mesmo crime.

João diz que "desde então Pilatos procurava soltá-lo", mas Jesus foi levado ao quartel dos soldados e despido de sua túnica branca que havia sido dada por Herodes, foi coberto com uma capa púrpura, coroado com uma guirlanda de espinhos, dado uma cana como cetro, e levado para ser confrontado pelos irados sacerdotes novamente.

Pilatos anunciou "Eis aqui o homem."Os sacerdotes responderam "Crucifica-o!" Tudo isso por ter Jesus desafia do a autoridade daqueles homens que estavam dispostos a violar as leis para causar sua morte, homens que por esta razão corromperam sua própria autoridade.

Pilatos então disse "Tomai-o vós, e crucificai-o; porque eu nenhum crime acho nele." Ali estava um juiz de leis dizendo "este homem é inocente, mas vocês podem matá-lo se o quiserem."

É claro que isso não satisfez os sacerdotes. Eles não ousariam crucificar Jesus sem uma aprovação inequívoca de uma autoridade Romana, porque fazer isso os sujeitaria a uma represália, possivelmente até a morte, nas mãos dos Romanos.

"Nós temos uma lei", eles insistiram, "e, segundo a nossa lei, ele deve morrer porque se fez Filho de Deus." E ao dizer isso, eles revelaram a Pilatos que sua verdadeira queixa contra Jesus era, na verdade, a acusação de blasfêmia.

Pilatos, que não havia ouvido ainda essa acusação, mais uma vez levou Jesus à parte e perguntou "Donde és tu ?" Essa era a equivalente à nossas modernas perguntas "De onde você vem ? Qual é a sua intenção?" Pilatos queria saber o que Jesus poderia ter feito para enraivecer tanto os sacerdotes ao ponto de violarem as leis sagradas de sua nação para condená-lo à morte ilegalmente.

Jesus não respondeu nada. Pilatos então vociferou "Não me falas a mim? Não sabes tu que tenho poder para te crucificar e tenho poder para te soltar?" Jesus apenas respondeu "Nenhum poder terias contra mim, se de cima te não fosse dado."

Pilatos novamente procurou soltar Jesus, mas os sacerdotes enraivecidos exclamaram "Se soltas este, não és amigo do César." Essa era uma ameaça à Pilatos. Poderia haver graves conseqüências se a mais alta corte de Israel denunciasse Pilatos à César. Pilatos sentiu que uma interpretação errada de seu julgamento poderia chegar aos ouvidos de César. Ele poderia ser visto como se estivesse protegendo alguém que era considerado pelos mais influentes de seus conterrâneos como culpado de traição. Pilatos não teve a coragem de lutar pela justiça contra esses sacerdotes coléricos.

Foi então que a esposa de Pilatos o enviou uma mensagem: "Não entres na questão desse justo."

Seu apelo levou Pilatos a tentar um último esforço para salvar Jesus sem arriscar seu cargo. Era costume durante a Páscoa de libertar um prisioneiro escolhido pelo povo. Pelo voto popular, as pessoas poderiam conceder anistia a qualquer um sentenciado à morte.

Eu vejo esse como um dos mais dramáticos momentos de toda a História, mas muito do drama passou despercebido pelos autores e dramaturgos, e uma lamentável confusão resultou em 2000 anos de animosidade desnecessária entre Cristãos e Judeus. Foram os sacerdotes Judeus que buscaram a morte de Jesus, não o povo.

O nome Barrabás em Hebraico significa filho de Abás. Pedro era referido por Mateus como "Pedro bar Jonas", isto é, Pedro filho de Jonas. Bar Mitzvah é traduzido literalmente como Filho da Lei. O nome de Barrabás também era Jesus: Jesus Barrabás.

A pergunta de Pilatos aos sacerdotes foi "Qual quereis que vos solte? [Jesus] Barrabás, ou Jesus chamado Cristo?" Eles clamaram, é claro, pela libertação de Barrabás, o notório ladrão e assassino. "Que farei então de Jesus, chamado Cristo?", perguntou Pilatos. Eles gritaram "Seja crucificado!" "Hei de crucificar o vosso rei?", perguntou Pilatos. E aqueles sacerdotes (que odiavam César como só os povos conquistados podiam odiar) disseram a Pilatos "Não temos rei senão o César!"

Pilatos enfraqueceu diante daquela ferocidade implacável e entregou Jesus para que o crucificassem. Ele tomou uma bacia de água diante dele, lavou suas mãos nela e anunciou "Estou inocente do sangue deste justo: considerai isso."

Pilatos mandou gravar na cruz "Jesus de Nazaré, o Rei dos Judeus". Caifás e os outros sacerdotes foram a Pilatos e pediram "Não escrevas 'Rei dos Judeus', mas que ele disse 'Sou Rei dos Judeus'." E Pilatos respondeu "O que escrevi, escrevi."

Jesus foi julgado desde antes de sua audiência. Ele foi acusado de três crimes separados. Os sacerdotes do Sinédrio o condenaram ilegalmente por blasfêmia.

Pilatos se recusou a reconhecer esse procedimento inicial. Pilatos, por duas vezes, absolveu Jesus da acusação de traição. Ele foi acusado de sedição diante de Pilatos e Herodes, mas foi absolvido por ambos. E ainda assim, Jesus foi executado porque pretensamente se assumiu que ele havia sido considerado culpado de traição. Ameaçado com a possível perda de seu cargo, Pilatos escolheu crucificar Jesus como a maneira mais fácil de calar os coléricos sacerdotes.

Antes das doze horas daquele mesmo dia, Jesus foi crucificado em violação às leis de Israel e Roma, fechando o mais tenebroso capítulo da história da administração judicial e invocando o supremo chamado que o mundo jamais ouvira para que humanos obrassem pela justiça. Dois dos sistemas de leis mais esclarecidos que existiram foram prostituídos para destruir homem mais inocente que já passou pela face da Terra.

Essa história nunca vai morrer, porque de sua verdade sempre nasce a esperança de toda a humanidade. Mais do que qualquer outro episódio na história do mundo, o julgamento de Jesus clama a todos os homens e mulheres de boa vontade para que trabalhem por um sistema de governo humano pelo qual possamos viver juntos em paz e segurança sob um Estado de Direito administrado com reverência pela Verdade e pelo Amor Caridoso."



O original deste testo está em:

JESUS CRISTO...


Jesus Cristo


Caso tenha alguma nova pergunta ou comentário nos escreva.

Texto da revista Veja (edição 1783 de 25/12/2002)


A ciência à procura de Cristo



Dois mil e dois anos se passaram e a história de Jesus de Nazaré ainda é um desafio. Quase tudo que se sabe sobre ele está nos Evangelhos de Marcos, Mateus, Lucas e João. Em sua brevidade – umas 130 páginas nas edições em português –, podem ser lidos numa única noite. O restante do Novo Testamento quase nada nos conta sobre sua vida. Do nascimento até o batismo, na idade adulta, praticamente não há referência, nem mesmo nos Evangelhos. Apesar da névoa espessa que cerca sua biografia, Jesus foi, individualmente, a mais influente personalidade de toda a história humana. O impacto de seus ensinamentos ultrapassa os 2 bilhões de cristãos, atingindo, em alguma dimensão, cada habitante do planeta. Do ponto de vista teológico, o que se sabe de seu ministério na Palestina do século I é um assunto bem resolvido. Mas a curiosidade a respeito da vida do homem mais conhecido de todos os tempos vai muito além da fé. É isso que o faz objeto de uma incessante busca científica e arqueológica. Descobriu-se mais sobre Jesus Cristo nos últimos trinta anos que nos 2.000 anos anteriores. O que se tem de novo é uma impressionante coleção de objetos e documentos que coincidem com os relatos bíblicos e que ajudam a dar contornos mais nítidos à figura histórica de Jesus.

A mais eletrizante descoberta foi anunciada há apenas dois meses. Trata-se de uma urna funerária do século I, considerada a mais antiga referência escrita existente de Jesus. Feita de pedra, tem dimensões reduzidas (50 centímetros de comprimento, 25 de largura e 30 de altura). O tesouro é a frase gravada do lado externo, em aramaico, a língua falada pelos judeus da Palestina há 2.000 anos: Yaakov, bar Yosef, akhui di Yeshua. Significa "Tiago, filho de José, irmão de Jesus". Sim, tudo indica que se trata daquele Tiago, daquele José e daquele Jesus. Como a descoberta é muito recente, deve ser melhor examinada pelos especialistas. Os indícios apontam, contudo, para a autenticidade da peça, o que faz dela a mais importante descoberta da história da arqueologia bíblica. Os três nomes eram bem comuns entre os judeus. Mas qual seria a possibilidade estatística de três pessoas os terem nessa exata ordem? O filólogo francês André Lemaire, que descobriu a urna na casa de um colecionador de antiguidades de Jerusalém, calculou que não mais de vinte pessoas poderiam ter essa combinação específica em Jerusalém no ano 62, quando Tiago morreu.

O Museu de Israel, em Jerusalém, guarda outras duas peças que servem de provas arqueológicas da existência de personagens ligadas diretamente a Jesus. A primeira é o ossário de Caifás, o sumo sacerdote judeu que presidiu o primeiro julgamento de Cristo. Foi encontrado acidentalmente em 1990, quando operários construíam um parque nos arredores de Jerusalém. Diferentemente da urna de Tiago, que está vazia, a de Caifás continha os esqueletos de seis pessoas. Um deles, o de um homem de 60 anos, seria do sumo sacerdote. A outra preciosidade é um pedaço de uma placa comemorativa encontrado há quarenta anos, durante as obras de limpeza e restauração de um teatro romano na antiga cidade de Cesaréia. Sua importância é ter a gravação do nome de Pôncio Pilatos e seu cargo, prefeito romano da Judéia. Até então, só havia referências literárias sobre Pilatos, o governador romano que condenou Cristo à morte na cruz. Poucos duvidam hoje em dia que Jesus tenha vivido realmente, como nos contam os Evangelhos. Mas há algo especial, até emocionante, quanto às provas marcadas em pedra.

Escavações ainda em curso em Nazaré, a cidade em que Jesus cresceu, e Cafarnaum, onde pregou, revelaram muito sobre o ambiente em que viveu. Em seu tempo, Nazaré era um lugar pobre, com 300 ou 400 habitantes. Não foram encontrados por lá prédios públicos, apesar de Lucas descrever, no Evangelho, como Jesus ia à sinagoga para ler e comentar trechos bíblicos. As casas eram muito simples, com teto de palha. Algumas eram semi-enterradas no solo ou construídas diante de cavernas naturais, usadas pela família como depósito ou curral.

A imagem de Jesus está bem assentada pela iconografia cristã. Mas, na verdade, os Evangelhos não dão nenhuma pista sobre o aspecto pessoal do filho de Maria. A imagem que se tem de Jesus é um produto artístico de pintores europeus que viveram um milênio e meio depois de Cristo. Nessas pinturas, ele tem cabelos castanhos e olhos claros, uma combinação altamente improvável. No ano passado, cientistas da Universidade de Manchester, na Inglaterra, lançaram mão de recursos da medicina forense para uma experiência: criar um rosto que, supostamente, se aproximaria de alguém como Jesus. Partiram do pressuposto de que ele teria aparência compatível com a dos judeus palestinos de sua época. Por isso reconstituíram o rosto usando como base um crânio do século I, retirado de uma sepultura em Jerusalém. O resultado, um Cristo com uma aparência levantina, surpreende, embora o bom senso apóie a nova imagem: Jesus teria o rosto arredondado, com o nariz grosso, barba mais espessa e, como não podia deixar de ser, uma vez que vivia sob o sol mediterrâneo, sua pele seria mais morena que a que se vê nas pinturas renascentistas que o retratam. Se o rosto precisa ser imaginado, não há dúvidas quanto às roupas que usava. Arqueólogos israelenses encontraram tecidos bem conservados em tumbas no deserto e podem afirmar que os judeus do tempo de Jesus se vestiam com túnicas de lã de ovelha ou cabra, tingidas de vermelho ou marrom. Vestes brancas, como as que Jesus usa nos quadros, simbolizavam luto.


Uma revisão do passado

Com base no crânio de um judeu palestino do século I, cientistas ingleses reconstruíram um rosto que se aproximaria do tipo físico de Cristo. Os ossos de um homem que foi crucificado na mesma época que Jesus indicam que a forma de execução na cruz era diferente: o condenado era pregado pelos dois calcanhares e tinha os braços amarrados pelos punhos. O Santo Sudário (acima) foi considerado uma fraude há catorze anos. Acabou reabilitado em 1999.

Das relíquias relacionadas a Jesus, a mais intrigante é uma peça de linho com 4,36 metros de comprimento por 1,10 de largura, o chamado Santo Sudário. Diz a tradição católica que a peça serviu de mortalha para o corpo do filho de Deus, assim que o desceram da cruz. O pano tem as marcas nítidas de um rosto com barba e manchas condizentes com as chagas de Cristo. A relíquia, guardada em Turim, é conhecida e venerada desde 1350. Curiosamente, foi o avanço da tecnologia que tornou sua autenticidade polêmica. No final dos anos 80, o tecido foi analisado por três equipes independentes e datado com radioatividade. A conclusão foi unânime: o pano tinha sido produzido na Idade Média, entre 1260 e 1390. O diagnóstico não encerrou o assunto. Estudos mais recentes encontraram vários indícios de que seria muito mais antigo. Primeiro, foram traços de sangue humano no tecido. Depois, submetido a exames tridimensionais por computador, mostrou que só se poderia ter aquela imagem se o sudário realmente envolvesse um corpo. O achado mais instigante são vestígios de pólen nas tramas do tecido. São de uma flor típica do Oriente Médio, que floresce numa época condizente com a da crucificação. A Igreja Católica, que havia aceitado a conclusão dos especialistas de 1988, hoje considera o sudário um assunto em aberto que exige novas e apuradas análises científicas. Não é considerado oficialmente como autêntico. A conclusão sobre o manto é que nada há de certo sobre ele.

Há também informações novas sobre a crucificação. A cruz era um castigo reservado no Império Romano às classes baixas, aos escravos e aos estrangeiros. Nunca se soube exatamente como era feita a crucificação. O mistério esclareceu-se com os estudos realizados com o esqueleto de um homem de aproximadamente 30 anos, descoberto em Jerusalém, que foi crucificado no século I. Seu nome, escrito no ossário, era Yehochanan. O mais impressionante é o prego de 11 centímetros transfixado em seu calcanhar. Daí se conclui que o condenado foi preso à cruz com dois pregos, cada um num pé. Pelos furos, imagina-se que foi fixado à cruz com as pernas abertas, cada uma colada a um lado da barra vertical. Os braços não foram pregados, mas provavelmente amarrados pelos punhos nas traves. Por que até agora só se encontrou um esqueleto se milhares de judeus foram crucificados pelos romanos? A explicação é que fazia parte da punição deixar que o corpo fosse comido pelos abutres e pelos cães, de modo a não sobrar nada para a família enterrar. "Yehochanan provavelmente pertencia a uma família influente, que intercedeu junto às autoridades pelo seu sepultamento", disse a VEJA o arqueólogo Gidon Avni, diretor de escavações e pesquisa do departamento de antiguidades de Israel.

Descobertas arqueológicas como essas reviraram os rumos das pesquisas bíblicas inúmeras vezes. Estima-se que mais de 5.000 acadêmicos estejam neste momento pesquisando as Escrituras, só nos Estados Unidos. Um exemplo notável do trabalho de garimpagem em textos antigos foi o realizado com os Manuscritos do Mar Morto, coleção de documentos produzidos entre 200 a.C. e 70 d.C. descoberta em 1947 numa caverna no deserto da Judéia. Por décadas, enquanto era examinada por uma centena de especialistas de todo o mundo, correram soltas especulações de que talvez Jesus e João Batista fossem membros da seita monástica judaica que produziu os documentos, os essênios. Neste ano, finalmente, foi concluída a edição dos manuscritos. Não se encontrou neles referência direta a Jesus ou Batista. Mas isso está longe de ser uma decepção, visto que ajudaram a conhecer melhor o modo de vida das pessoas naquela época e a compreender as mudanças pelas quais o sentimento religioso passou. Isso é, também, uma forma de dissipar o mistério e conhecer melhor a figura de Jesus.

Os textos das cavernas

Os Manuscritos do Mar Morto foram encontrados em cavernas no deserto da Judéia (acima), em 1947. O texto não menciona Jesus, mas descreve rituais muito parecidos com os praticados pelos primeiros cristãos

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Leia o exemplo abaixo:


EGITO: O cristão egípcio Bolis Rezek-Allah, foi retirado de um vôo internacional, no aeroporto do Cairo e detido pela polícia secreta egípcia. Rezek, havia obtido um visto de imigração para o Canadá, mas foi impedido de fazer a viagem. Sua esposa, Enas Badawi, embora seguida pela polícia, ainda se encontra em liberdade. Ele é acusado de levar a sua mulher, uma ex-muçulmana, a conversão do Cristianismo, pois é proibido, no Egito, que um homem cristão se case com uma mulher muçulmana. Aos homens muçulmanos é livre casar-se com mulheres cristãs, e também é livre aos cristãos, em geral, converterem-se ao islamismo, enquanto o contrário é proibido por lei, conforme explicou Todd Nettleton, correspondente da Voz dos Mártires.

LUTE para que todos os que queiram se CONVERTER ao cristianismo possam viver em paz.