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4 de mar. de 2009
ÁGUAS DE MARTE,,SERA POSSIVEL ???
Brasileiro simula Marte para "criar" água líquida
O cientista brasileiro que detectou a existência de água líquida em Marte já convenceu vários colegas de que a sua proposta é consistente e está se preparando para um experimento para reforçá-la. Nilton Rennó, da Universidade de Michigan (EUA), um dos pesquisadores envolvidos na missão da sonda espacial Phoenix, da Nasa (agência espacial americana), pretende simular em laboratório as condições atmosféricas do planeta vermelho.
O objetivo é verificar se a substância aparece da forma como foi observada pela sonda. Após análise, Rennó interpretou as imagens como sendo de líquido, conforme noticiado pela Folha Online em agosto. A alta concentração de sais é o que permitiria à água marciana ser líquida em baixas temperaturas.
Rennó já submeteu para publicação um estudo sobre o assunto, assinado em conjunto com mais 22 cientistas. O trabalho deve sair na revista científica "Journal of Geophysical Research - Planets".
Brasileiro vai participar de experimento para simular condições de Marte, para comprovar descoberta
Para indicar a presença de água líquida, foram usadas imagens e medidas térmicas registradas pela sonda. Nas fotos, é possível ver o que seriam pequenas gotículas de água em uma das pernas da Phoenix.
Rennó diz que "bolsas" de líquido são formadas por uma água com alta concentração de perclorato de magnésio. Isso permite a existência de água líquida mesmo a uma temperatura média de -53ºC.
Provas de que essas formações escorregam, gotejam e se fundem na perna da Phoenix dão força à teoria do cientista (veja mais aqui). Entretanto, alguns cientistas dizem acreditar que os pontos vistos no local são apenas grãos de gelo ou, no máximo, uma espécie de gel.
Mãos à obra
Gotículas na perna da sonda Phoenix (no alto, à esq.); Rennó afirma que se trata de água bastante salgada por perclorato de magnésio
Gotículas na perna da sonda Phoenix (no alto, à esq.); Rennó afirma que se trata de água bastante salgada por perclorato de magnésio
Com a ajuda do Centro de Astrobiologia de Madri, porém, Rennó tentará repetir o processo que leva à formação de água líquida, usando uma câmara pressurizada.
No equipamento, será colocado um pedaço de metal resfriado a uma temperatura entre -60ºC e -70ºC. Esse metal também vai receber sal, para dar condições à água supersalgada de se materializar. E, por fim, será colocado gelo na câmara, para simular o tipo de solo em que a sonda estava apoiada.
Rennó espera que o gelo que sublimar dali forme gotas nos locais em que existirem partículas de sal. "Então, vamos analisar se esse crescimento [a formação das bolsas] ocorre no estado líquido ou sólido, nas condições de Marte", afirmou.
Ainda não há data definida para o início dos experimentos, mas a expectativa é que até maio já seja possível fazer a primeira análise dos resultados.
Vida extraterrestre
A água líquida é um ponto-chave na pesquisa sobre a possibilidade de Marte abrigar vida. A substância nesse estado é fundamental, embora estudos indiquem que água salgada demais impeça a existência de micróbios como os da Terra.
Novas missões de sondas em Marte nos próximos anos podem ajudar a comprovar de vez a presença de água líquida. Será necessário, por exemplo, fazer novas medições de condutibilidade elétrica do solo, para analisar sua formação química.
A Nasa deve lançar em 2011 o Mars Science Laboratory, que permitirá saber se Marte é capaz de abrigar a vida microbiana. A ESA (Agência Espacial Europeia) cogita mandar mais dois veículos robóticos para explorar a superfície do planeta em 2015.
Apesar de estar convicto da descoberta, Rennó reconhece que é preciso ter mais dados para uma comprovação cabal. "Na ciência, a dúvida sempre vai existir até que uma outra missão faça uma medição independente", diz.
É como no caso da presença de gelo em Marte, que vinha sendo mostrada havia anos. Foi só em 2008, com a Phoenix, que um artefato humano "tocou e sentiu o gosto" da substância.
COMEÇA A BUSCA DE NOVOS MUNDOS...
Nasa lança telescópio em busca de nova "Terra"
A Nasa lança na sexta-feira, às 22h48 (0h48 de sábado em Brasília), o primeiro telescópio espacial com capacidade de encontrar um planeta fora do Sistema Solar com tamanho e condições de habitabilidade semelhantes às da Terra.
A Missão Kepler vai monitorar a luminosidade de 170 mil estrelas simultaneamente para cumprir sua tarefa. Cada vez que o brilho de uma estrela cai, é sinal de que um planeta pode estar passando na sua frente.
Nasa
Missão Klepler observará uma região do céu por anos para achar astros habitáveis perto de estrelas a até 3.000 anos-luz do Sol
Missão Klepler observará uma região do céu por anos para achar astros habitáveis perto de estrelas a até 3.000 anos-luz do Sol
Esse método, conhecido como "trânsito", já é usado por outros telescópios. O Kepler, porém, terá uma sensibilidade inédita. Um planeta do tamanho da Terra, se observado à distância, oculta apenas cerca de um décimo de milésimo da luz emitida por sua estrela mãe, e o novo telescópio espacial poderá enxergar isso.
"Isso equivale à queda de luminosidade que ocorre quando uma pulga passa na frente do farol de um carro vindo na direção contrária a você, de noite, bem longe", disse Jon Jenkins, da Nasa, um dos criadores do software que servirá como cérebro do Kepler.
Diferentemente de telescópios como o Hubble, porém, o Kepler não tirará fotos do Universo bonitas o suficiente para enfeitar paredes. Seu papel será mesmo medir a emissão de luz de cada estrela e perceber mínimas oscilações.
Contudo, só depois de análises cuidadosas de dados é que cientistas poderão dizer onde estão os tão procurados planetas "gêmeos" da Terra.
O problema é que o brilho de estrelas oscila naturalmente, atrapalhando as medições. Segundo Sylvio Mello, astrônomo da USP, saber se as oscilações ocorrem sozinhas ou por causa dos planetas será "o maior desafio técnico" do Kepler.
Para decretar o achado de um planeta, é preciso ver pelo menos três trânsitos com quedas de brilho semelhantes e separados pelo mesmo intervalo.
Veja como é o telescópio da missão Kepler
Veja como é o telescópio da missão Kepler
Telescópio espacial é o primeiro com capacidade de encontrar planetas tão pequenos quanto a Terra
Telescópio espacial é o primeiro com capacidade de encontrar planetas tão pequenos quanto a Terra
Trabalho prolongado
A missão durará ao menos três anos e meio, com orçamento previsto de US$ 591 milhões. O Kepler vai girar em torno do Sol, na mesma órbita da Terra, seguindo-a.
A vantagem de estar no espaço é que não há ar para atrapalhar a visão. Além disso, como a Terra gira, um telescópio terrestre não é capaz de observar uma mesma estrela continuamente.
Às vésperas da decolagem do foguete Delta-2, que levará o Kepler ao espaço, os cientistas cruzam os dedos. "Estou um pouco ansioso porque lançar uma nave espacial é difícil e, como somos tristemente lembrados de tempos em tempos, não é livre de riscos", diz Jenkins.
O Kepler vasculhará uma área específica do céu, perto da constelação do Cisne. É uma região da nossa galáxia muito rica em estrelas e, espera-se, em planetas. Outra vantagem é que o Sol nunca estará na direção em que o telescópio aponta, o que impediria as observações.
A estrelas que o Kepler vai monitorar estão de 500 anos-luz a 3.000 anos-luz de distância da Terra (um ano-luz é igual a 9,5 trilhões de quilômetros).
O Kepler dá continuidade a projetos similares anteriores, mais baratos, como o francês Corot. Os menores planetas encontrados pela missão até hoje, porém, apresentam o dobro do tamanho da Terra.
Eduardo Janot, astrônomo da USP que colabora com o Corot, diz que o Kepler terá de superar dificuldades semelhantes.
"A precisão exigida é muito grande, o que demanda muito esforço", diz. "É fácil achar planetas grandes, já temos mais de 300 "júpiteres" por aí. Mas queremos "terras". Isso é caro e demora."
O interesse em procurar planetas pequenos é que aqueles muito grandes -chamados de gigantes gasosos- não possuem uma superfície sólida com condições habitáveis. Entretanto, lembra Mello, habitável não significa habitado. E ainda não há muito como tentar investigar se um planeta fora do Sistema Solar tem vida.
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