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18 de ago. de 2007
O PRIMEIRO TRANSPLANTE FACIAL
Foto de mulher que fez transplante facial é divulgada!
Foi divulgada neste sábado a foto da que fez o primeiro transplante facial do mundo. Os médicos disseram ontem que a paciente de 38 anos "vai bem", melhor que o esperado, mas advertem para os riscos médicos e psicológicos que ela terá de enfrentar a partir de agora.
"A paciente vai bem do ponto de vista médico, psicológico e imunológico", afirmou o chefe do serviço de transplantes do hospital universitário de Lyon, no sudeste da França, Jean-Michel Dubernard, que realizou em 1988 o primeiro transplante de mão.
Na segunda-feira, no dia seguinte à cirurgia, os médicos se surpreenderam com a coloração e a textura do implante de queixo, boca e nariz feito no hospital universitário de Amiens, que apresentava um resultado que ultrapassava todas as expectativas.
Dubernard parabenizou o chefe do serviço maxilofacial de Amiens, Bernard Devauchelle, por seu trabalho.
Mas o elogio foi feito com muita prudência, pois há o risco de rejeição do transplante, além de não saberem se a paciente recuperará toda a sensibilidade do rosto em até dentro de quatro ou seis meses. No entanto, Devauchelle não escondeu sua satisfação ao comentar que a primeira palavra dita pela mulher ao despertar foi "obrigada".
A pele, tecidos subcutâneos, massa muscular, veias e artérias do implante foram doados
de uma mulher em estado de morte cerebral que estava no hospital universitário de Lille, no norte da França, cuja família autorizou as extrações.
Como a lei francesa obriga a restituição digna do cadáver aos familiares, uma equipe de especialistas fez uma "restauração totalmente destacável" do rosto da doadora, disse a diretora da Agência de Biomedicina, Carine Canby, presente também na entrevista coletiva em Lyon.
Seis dias depois da excepcional cirurgia, a receptora evolui sem contratempos e "come, bebe e fala claramente", disse Devauchelle, após lembrar que antes, sem os lábios, essas funções eram praticamente impossíveis.
"Estamos surpresos pela integração do transplante no rosto da paciente", destacou.
Para evitar o risco de rejeição, a paciente, que foi gravemente desfigurada em maio por várias mordidas de seu cachorro, foi submetida a um forte tratamento imunológico. Ela chegou a receber injeções de células da medula óssea da doadora, disse Dubernard.
"Fizemos o máximo para assegurar o êxito da operação porque não tínhamos o direito de errar com essa paciente", afirmou o professor, que assume a responsabilidade de evitar a rejeição.
A paciente foi devidamente informada dos riscos médicos e psicológicos, como o tratamento imunológico por toda a vida e a necessidade de acompanhamento psiquiátrico a longo prazo, que terá que enfrentar por se tratar de um procedimento inédito, que inclui a possibilidade de desenvolver um câncer.
De acordo com Dubernard, 1% dos transplantados pode ter linfomas e um terço deles morre, outro terço rejeita o implante e os demais superam a operação.
O médico reconheceu que tanto ele como os outros profissionais que têm participado dessa aventura se perguntaram se a operação "era moral", mas disse que todas suas dúvidas se dissiparam quando viram o rosto terrivelmente desfigurado da mulher, cuja reconstrução não poderia ser feita com a cirurgia clássica.
Essa circunstância a ajudará, segundo os psicólogos, a assumir sua nova imagem, que não deve ser muito diferente da original, uma vez que o implante tenha se adaptado definitivamente à sua estrutura óssea, e levando em conta que a cor e a textura da pele da doadora se parecem com a sua.
É muito mais difícil, segundo os especialistas, ter de enfrentar o olhar das pessoas quando se tem o rosto completamente desfigurado.
De acordo com a diretora da Agência de Biomedicina, para tornar essa "proeza" possível houve um respeito aos protocolos. Além disso, todas as precauções médicas e éticas foram tomadas.
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