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Sevilha (Espanha), 21 mai (EFE).- O número de espécies declaradas oficialmente extintas chegou a 27 nos últimos 20 anos, prova de que o ritmo atual de perda da biodiversidade é de 100 a 1000 vezes maior do que a própria seleção natural.
Os dados alarmantes foram divulgados hoje pela suíça Anabelle Cuttellod, da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), e pela colombiana Margarita Astrálaga, diretora do Centro de Cooperação do Mediterrâneo da UICN na Espanha.
As espécies oficialmente extintas desde o início dos trabalhos da UICN, há 40 anos, chegam a 784, número que, segundo especialistas, deve ser acrescido de 65 outras espécies, que só conseguem sobreviver em cativeiro ou em cultivos.
Cutellod e Astrálaga destacaram que a lista de risco da UICN sobre espécies ameaçadas em 2006 - a última elaborada - determina que, das 40.177 espécies avaliadas no mundo, 16.119 estão incluídas em alguma das quatro fases de perigo.
Na prática, estão ameaçados 12% das espécies das aves; 23% das de mamíferos; 52% das de insetos; 32% das de anfíbios; 51% das de répteis; 25% das de coníferas e 20% das de tubarões e raias.
Astrálaga afirmou à Efe, que, apesar de ter estudado apenas 60% dos vertebrados, 40% das plantas e quase 1% dos fungos e liquens do planeta, pôde-se constatar um aumento exponencial no número de espécies extintas, fato atribuído à ação do homem.
"Não estamos falando de hipóteses ou de possibilidades, como alguns apontam sobre a mudança climática. Estamos falando da realidade", afirmou.
Cuttellod disse que o aumento das espécies marinhas ameaçadas de extinção no Mediterrâneo, especialmente os cetáceos e os tubarões, indica que esta zona, "uma das que apresentam maior biodiversidade no mundo", sofre uma situação "mais grave" do que em outros mares, pela poluição e a destruição de ecossistemas causadas pelo homem.
A especialista acrescentou que 64% dos anfíbios mediterrâneos são endemismos - espécies únicas no mundo - e que, dentre eles, 25% estão ameaçados, "o que evidencia um grave perigo de perda de biodiversidade em nível planetário".
No caso da Europa, a UICN compila "um número alarmante de espécies ameaçadas" já que se encontram em risco de extinção 42% dos mamíferos; 5% das aves; 45% das borboletas; 30% dos anfíbios e 52% dos peixes de água doce.
A UICN, criada em 1948, atua em mais de 100 países e conta com uma rede de mais de 10 mil especialistas. Há 40 anos a organização vem trabalhando na elaboração de listas de espécies oficialmente extintas ou em risco de extinção.
Segundo Astrálaga, estas listas são "um indicador bastante objetivo do êxito ou do fracasso" do compromisso internacional, assumido por muitos países, para conter a extinção de animais e plantas até 2010.
As duas especialistas reconheceram ainda que também existem programas para recuperar espécies em risco, dentre os quais destacam-se o que a Espanha desenvolve para salvar o lince-ibérico, um modelo "muito importante para recuperar espécies em perigo de extinção".
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