Seg, 14 Mai, 08h42
LONDRES (Reuters) - O aquecimento global vai criar pelo menos 1 bilhão de refugiados até 2050, porque a falta de água e as deficiências de safras expulsarão as pessoas das suas casas, desencadeando guerras pelo acesso a recursos, disse uma importante entidade humanitária na segunda-feira.
Em um relatório intitulado "Fluxo humano: A verdadeira crise da migração", a Christian Aid disse que, já que o mundo desenvolvido foi responsável pela maior parte da poluição que altera o clima, ele deveria arcar com a maior parte dos gastos com a ajuda aos mais afetados -- os pobres.
"Acreditamos que a migração forçada é atualmente a ameaça mais urgente enfrentada por pobres nos países em desenvolvimento", disse John Davison, que coordenou o estudo.
Os cientistas prevêem que as temperaturas médias vão subir entre 1,8 e 3 graus neste século por causa das emissões de gases do efeito estufa, principalmente pela queima de combustíveis fósseis, causando inundações e ondas de fome e colocando milhões de vidas em risco.
O Painel Intergovernamental Sobre a Mudança Climática diz que até 2080 até 3,2 bilhões de pessoas -- um terço da população do planeta -- enfrentará escassez de água, até 600 milhões enfrentarão escassez de alimentos, e até 7 milhões vão enfrentar inundações costeiras.
"Estimamos que, se não for feita uma forte ação preventiva entre agora e 2050, a mudança climática vai empurrar o número de deslocados globalmente para pelo menos 1 bilhão", disse o relatório da Christian Aid.
Especialistas em segurança temem que o fluxo de migrantes forçados alimente não só conflitos já existentes, como crie novos, em algumas das partes mais pobres e desvalidas do mundo, justamente as menos equipadas para lidar com eles, segundo o texto.
"Um mundo de muito mais Darfurs é o pesadelo cada vez mais provável", disse o relatório, citando a região do oeste do Sudão onde segundo a ONU pelo menos 200 mil pessoas foram mortas e 2 milhões expulsas de suas casas nos últimos anos.
Embora muitos desses refugiados climáticos devam cruzar fronteiras -- tornando-se um problema nacional -, muitos milhões de outros não conseguiriam sair de seus países, e por isso permaneceriam praticamente invisíveis ao resto do mundo, afirmou o relatório.
"Esses refugiados internos não têm direitos sob a lei internacional e não têm voz oficial", disse o relatório. "Suas condições de vida devem ser desesperadas, e em muitos casos suas vidas estarão em perigo."
A Christian Aid disse que a Colômbia está atrás apenas do Sudão no número de refugiados internos. Muitos deles foram forçados a fugir pela guerra civil, mas o número agora está sendo aumentado pelos que são expulsos de suas terras devido ao avanço do cultivo da palma, usada na produção de biocombustíveis
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