7 de out. de 2007


A Igreja Perseguida em Mianmar

O Mianmar, antiga Birmânia, é conhecido como a "terra dos templos" e está localizado às margens do Golfo de Bengala e do Mar de Andaman, entre Bangladesh e a Tailândia. Seu território apresenta densas florestas e é caracterizado por uma região central de terras baixas cercada por um anel de montanhas íngremes e elevadas.

Mianmar tem cerca de 46 milhões de habitantes, dos quais um terço possui idade inferior a 15 anos e apenas 26% vivem na zona urbana. Entre os diversos grupos étnicos presentes no país destacam-se os birmaneses, os chans e os karenes.

Os birmaneses descendem de tribos mongóis que chegaram à região no século VII d.C. O Estado é unificado em 1054 d.C., com a fundação da dinastia Pagan pelo rei Anawrahta. Durante essa dinastia, inúmeros templos budistas foram construídos no país. Mais tarde, com a invasão de Gêngis Khan em 1287 d.C., muitos desses templos foram destruídos. Entre 1287 e 1824, o país foi governado por seis dinastias distintas. As primeiras guerras anglo-birmanesas ocorreram em 1824 e 1853. Foi também em 1853 que, sob o governo do rei Mindon, iniciou-se uma intensa revolução industrial em paralelo à descoberta de petróleo. Em 1885, a Grã-Bretanha venceu a terceira guerra anglo-birmanesa e assumiu totalmente o controle do país. Já no século XX, com o início da II Guerra Mundial, os birmaneses chegaram a auxiliar os japoneses em uma tentativa de expulsar os colonizadores ingleses. Finalmente, em 1947, o país obtém sua independência e torna-se uma união federativa de sete distritos e sete estados minoritários. Os sucessivos regimes de governo adotados pelo país adotaram posturas diferentes em relação à igreja cristã. Alguns deram poder aos budistas, enquanto outros relutaram em envolver-se com assuntos religiosos. O clamor popular pela democracia levou às eleições de 1990, em que a oposição obteve 85% das cadeiras do Parlamento, mas o regime militar recusou-se a entregar o poder. Após esses acontecimentos, distúrbios civis irromperam pelo país e o governo agiu com mão forte contra os insurgentes, detendo, exilando ou assassinando a maioria dos líderes. O atual regime mantém a repressão contra qualquer manifestação de oposição ao governo.

A maioria da população birmanesa é alfabetizada. A renda per capita é de US$ 1.000 por ano, porém grande parte da população está envolvida em atividades ilícitas. Mianmar é o maior produtor mundial de ópio, droga utilizada na fabricação de heroína, e há sérios problemas no país relacionados ao uso de drogas e à prostituição. O Estado divide o controle da economia com a iniciativa privada. Importantes setores econômicos pertencem ao governo, incluindo o comércio de arroz, a indústria pesada e a produção de energia.

A maioria dos birmaneses é adepta do budismo, que entrou no país durante os primeiros séculos da era cristã e tem sido a religião dominante desde o século IX, exercendo enorme influência sobre a nação. Cerca de 4% da população professa o islamismo, que encontra mais adeptos entre os habitantes da região do Arakan, localizada próxima à fronteira com Bangladesh no extremo sudoeste do país. Crenças tradicionais são praticadas por minorias étnicas e influenciam a prática do budismo.

A Igreja

O cristianismo chegou ao território birmanês no século X, levado por discípulos de Nestório. Mais tarde, chegaram o catolicismo romano no século XVI e o protestantismo em 1813. As reações ao cristianismo têm variado grandemente, mas o país continua sendo uma importante base para o ministério cristão na Ásia. Aproximadamente 6% da população birmanesa é cristã.

A Perseguição

Períodos de perseguição e de liberdade religiosa se alternam em Mianmar. No passado, alguns governos deram significativo poder aos budistas e restringiram severamente a igreja. Outras administrações, no entanto, restringiram a igreja mais como um exercício do ateísmo socialista do que por uma preocupação em divulgar o budismo. Ainda assim, alguns governos aprovaram a construção de igrejas e de gráficas cristãs. Os cristãos das áreas rurais são perseguidos com freqüência pelos governantes, que se alinham com poderosos grupos budistas e tentam utilizar a religião como forma de controlar a população local.

No momento há um conflito entre a ditadura militar e grupos étnicos rebeldes, e a política do "dividir para conquistar" está na ordem do dia. Soldados birmaneses atormentam os cristãos e favorecem os budistas, enquanto atacam os campos de refugiados.

No dia 11 de março de 1998, logo após a meia noite, Sheh Wah Paw, uma jovem de 17 anos, estava orando com sua irmã, Thweh Ghay Say Paw, de 15 anos. Nas proximidades, soldados queimavam cabanas feitas de bambu na região fronteiriça com a Tailândia. Muitos da etnia karen estavam desabrigados e Sheh Wah Paw agradecia a Deus pela cabana de bambu que as abrigava. Próxima daquela cabana rudimentar estava localizada a igreja batista que a família de Sheh freqüentava regularmente. Aquela cabana, considerada uma bênção pela família Paw, estava para ser colocada à prova naquele momento.

Kyaw Zwa, o patriarca da família, havia construído um abrigo provisório de concreto embaixo da cabana como esconderijo. Receando que sua casa pudesse ser destruída, ele refugiou-se com sua família naquele local, buscando proteção. No entanto, pouco tempo depois a cabana estava em chamas e o calor era tão intenso que o interior do abrigo parecia um verdadeiro forno. As chamas se espalharam pelo esconderijo e as roupas das pessoas que estavam ali começaram a pegar fogo. Finalmente, as garotas saíram correndo e gritando do abrigo. Infelizmente, duas semanas depois, as duas filhas de Kyaw Zwa faleceram em conseqüência das queimaduras.

Um líder da região afirmou que aquela não era uma guerra entre cristãos e budistas, mas entre os karenes e os birmaneses, e que estavam usando a religião apenas como pretexto para dividir as duas etnias. Por isso, não é de se estranhar que a igreja batista tenha sido um dos primeiros locais a ser queimado, enquanto o mosteiro budista e os lares ao seu redor permaneceram intocados.

Kyaw Zwa, entristecido pela perda de suas filhas, disse que os birmaneses odiavam os karenes, e que odiavam os karenes cristãos mais ainda. Por algum tempo ele questionou porque as orações de suas filhas aparentemente não tiveram resposta, mas depois seu coração encontrou a paz. Kyaw Zwa então afirmou o seguinte: "Eu sei que Deus me ajudou e que permitiu a morte de minhas filhas. Elas se foram, mas estão livres."

O Futuro

A igreja no Mianmar está crescendo rapidamente e poderá somar mais de dez milhões de cristãos por volta de 2050. É provável que a perseguição continue esporádica e, eventualmente, possa diminuir.

Motivos de Oração

1. A igreja tem crescido rapidamente. Ore para que esse crescimento persista e para que os líderes da igreja birmanesa desenvolvam métodos eficientes para treinar os novos convertidos e comissioná-los como evangelistas.

2. A igreja enfrenta ataques de budistas que procuram restringir a atividade cristã. Peça em oração que os cristãos encontrem meios eficazes de responder a esses ataques e que consigam ganhar o respeito dos líderes governamentais e servir ao país.

3. A igreja birmanesa tem exercido um impacto considerável em todo o continente asiático. Louve a Deus pelo alcance dos ministérios dirigidos por grupos baseados em Mianmar. Ore para que esses trabalhos continuem a exercer impacto e influência em toda a região.

4. A igreja e o país inteiro sofrem com o problema das drogas. Interceda em oração pelo fim do narcotráfico que domina grande parte da economia birmanesa. Ore também para que os cristãos encontrem métodos viáveis de oposição ao comércio de drogas e forneçam alternativas econômicas ao povo birmanês.

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