31 de mar. de 2008

O NOVO BIG - BANG

Cientistas abriram um processo contra o Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern, sigla em francês), localizado em Genebra, para impedir uma grande experiência da física que permitirá um estudo sobre como foi o big-bang, na qual dois átomos se chocarão a uma velocidade próxima à da luz e, teoricamente, reproduzirá a explosão. As informações são da Agência Estado.


Getty Images
Imagem ilustra a formação dos planetas após a explosão do big-bang

Em quatro pontos, estes feixes de protóns se chocarão entre si em enormes aceleradores, cuja missão consiste em analisar a cada segundo as partículas resultantes da colisão de dois milhões de prótons em condições semelhantes às registradas depois do big-bang, a grande explosão que deu origem ao nosso universo.

As colisões poderão criar a chamada "energia negra", que compõe 96% do universo.

Esta perspectiva causa preocupação entre as pessoas que temem que a experiência faça o planeta desaparecer numa espécie de grande buraco negro.


Uma audiência foi marcada para o dia 16 de junho em Honolulu, no Havaí. Na corte federal da ilha, segundo a Agência Estado, os cientistas Walter Wagner e Luis Sancho já adverteram sobre a possibilidade do buraco negro ou de que a experiência produza algo que acabe engolindo a terra. O processo também acusa o laboratório na fronteira entre a Suíça e a França de não ter feito os estudos ambientais necessários e que as conseqüências do teste poderiam ser fatais. A data da experiência ainda está para ser determinada, mas será entre julho e agosto.

A experiência

Localizado a 100 metros debaixo de uma planície suíça, o Grande Acelerador de Partículas, o maior instrumento científico jamais construído, emerge como uma catedral de aço destinada a desvendar os mistérios da criação do universo. Sua entrada em funcionamento está prevista para o segundo semestre do ano.

"É uma sensação fantástica, é como esperar por um bebê que vai nascer, só que demorou 19 anos ao invés de nove meses", comenta, entusiasmado, Daniel Denegri, chefe do CMS (detector de partículas), uma das quatro experiências de física das partículas realizada pelo Cern, dentro do chamado projeto "Grande Acelerador de Hadrones (LHC, sigla em inglês).

O Cern foi fundado em 1954, num dos primeiros esforços comuns europeus, e é o maior centro de pesquisas de física de partículas do mundo.


AFP
Cientistas trabalham em imã supercondutor
No momento, os técnicos comemoram o fato de preparar os aceleradores, sendo que o maior deles, o Atlas, mede 25 metros de diâmetro por 46 metros de largura.

Mais de 10 mil pesquisadores de 500 institutos do mundo inteiro trabalham neste projeto avaliado em 3,9 bilhões de euros.

"O fascinante é ter conseguido montar tudo isso com engenheiros e físicos do mundo inteiro", comenta Niko Neufeld, um dos coordenadores do projeto, acrescentando que todos trabalharam juntos, incluindo israelenses e palestinos.

Igualmente espetacular é a sala de informática do Cern e seus três mil computadores que deverão selecionar um bilhão de informações enviadas a cada segundo pelos aceleradores.

O Cern está conectado a quase 100 centros de pesquisas do mundo que participam na análise dos dados.

Dois dos aceleradores, o CMS e o Atlas, competem entre si para detectar o Santo Graal da física: o bóson de Higgs, uma partícula descoberta por dedução, em 1964, e cuja existência não foi demonstrada ainda. Os primeiros que conseguirem isso poderão levar o Prêmio Nobel.

A grandiosidade do LCH, que será inaugurado oficialmente em outubro, dá uma espécie de vertigem aos cientistas.



No interior do túnel, os técnicos circulam de bicicleta por um interminável tubo de hélio líquido. Este gás permitirá esfriar os ímãs supercondutores até uma temperatura de 271 graus negativos para orientar os feixes, um na direção do outro. Dentro dos aceleradores, a temperatura superará a do Sol.

Nenhum comentário: